quinta-feira, 29 de março de 2012

A Validade do Único Cortejo Triunfal e a Contradição do “Exibicionismo Piedoso”


Com todo este tempo livre, devido uma viagem que minha esposa fez a nossa cidade natal, procurei um companheiro para dividir a melancolia e o silêncio, foi uma capa amarela na estante que me chamou atenção, uma obra de Gustaf Aulén “A Fé Cristã” de 1965, editado pela ASTE. Procurei ler seu capítulo sobre o conceito cristão de Deus, e o primeiro tema é a respeito à santidade, uma de suas linhas me saltou aos olhos, e desejo compartilhá-la: 

“Importa que a palavra ‘santo’, quando usada em relação a Deus, mantenha sua significação religiosa original. É sabido que a noção de santo tem sido interpretada, não raro, com conotações éticas no esforço em identificá-la com a noção de perfeição moral. Não há negar que da idéia de santidade, quando se refere a Deus, ressalta fortemente também a idéia de perfeição moral. Mas quando a santidade é interpretada com essas conotações morais, o pecado passa a ser igualmente interpretado de maneira moralista, perdendo sua orientação religiosa”. (AULÉN, 1965, p. 108)

Tais palavras são importantíssimas de serem lembradas e consideradas, devido aos novos meios de comunicação e informações, vários cristãos compartilham suas experiências de vida, suas crenças e doutrinas denominacionais, e a bandeira da santidade ergue alto seu baluarte. A santidade não deve ser esquecida jamais, porque nEle somos santificados, porém quando alguém afirma viver numa condição de santidade porque não faz isso ou aquilo, ou por fazer algo, como disse Aulén ele traz consigo uma afirmação contraditória: o pecado é não fazer isso ou é fazer aquilo outro. 

Embora exista um caminho proposto, uma conduta que possa ser boa para fazer o bem a todas as pessoas de bem e agir com uma justiça restaurativa aqueles que se desviam dos princípios éticos básicos. É esperado que nós cristãos o povo do Caminho, da Lei fundamentada no Amor tenhamos um procedimento exemplar em todas nossas relações interpessoais, familiares, sociais, econômicas e ecológicas. Mas jamais seremos santos quando resumirmos isso a uma dieta moral. O grande ato já foi celebrado num cortejo triunfal, resta-nos a humildade do ministério de serviço e não do “exibicionismo piedoso” se é que haja piedade no exibicionista.

“Fostes sepultados com ele no batismo, também com ele ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. Vós estáveis mortos pelas vossas faltas e pela incircuncisão da vossa carne e lê vos vivificou juntamente com Cristo. Ele nos perdoou todas as nossas faltas: apagou, em detrimento das ordens legais, o título de dívida que existia contra nós; e o suprimiu, pregando na cruz, na qual despojou os Principados e as autoridades, expondo-os em espetáculo em face do mundo, levando-os em cortejo triunfal”. (Colosssenses 2:12-15)


- Delor Junior

sábado, 17 de março de 2012

Lapidário

Abra mão de tudo que for lhe atar
Não se esconda debaixo de nenhuma lei.
Mas tenha base em tudo que for fazer
Quem tem dignidade age com prudência.

Quem foge da raia não sabe pra onde vai
Esquive-se de tudo que for árduo demais
Pois o jugo de Deus é suave, e leve o seu fardo
E o que não vem dele não serve pra você lapidário.

Saron

sexta-feira, 9 de março de 2012

Explosões



Tantas convicções, alguma razão e muitas jóias perdidas. Minhas certezas agora configuradas, meu rosto embaçado e um violento mar dentro de mim.
Um mar em erupção.
Tanta coisa perdida aqui dentro, que uma só rede não dá pra pescar.
Perdi o que não tive, tenho o que não preciso, quero tudo que há. Perdas impalpáveis, versos não ditos, tudo muito abstrato pra quem delira em coisas reais.
O tempo corre e eu nem sei pra onde... Ele corre bem mais que minha insatisfação. Sabe-se que ele vai e eu tenho pressa. Em mim não resta tempo pra viver em vão.
Quero encontrar o que fui, o que sou e o que seria. E em face da atemporalidade desvendar alguns segredos, beijar a sensatez ou simplesmente regredir para um futuro menos quebrado. Já não sou a mesma, talvez jamais a seja, mas não serei o que sou.
Hoje quero o mar, e peço à chuva que me deixe ver o sol se pôr. Talvez encontre o sono, beba lucidez e discuta com a verdade, e ela ganhe. Talvez veja o paraíso, brinque com a loucura e finalmente abandone a solidão.
A razão mora em algum lugar. A casa é grande, baterei em todas as portas do meu ser. Enfrentarei esse mar de silêncio e caos.