terça-feira, 26 de junho de 2012

Tu


Moço do olhar distante, que sempre me engana.
Meu desejo é que saias desse poço, que cavas pra se esconder da luz.
Da luz do meu olhar, do meu amor, da cura dessa dor.

Tu, que estais distante, com essa dor viajante
Vem pro lado meu, pro aconchego meu, pros lábios que são teus.

Tu, que me arranca os melhores sorrisos,
E tem os encantos e mistérios do luar.

Tu, que está ao meu lado, e tão longe.

sábado, 28 de abril de 2012



Eu desenho você com palavras

Eu olho profundamente nos seus olhos
Quero enxergar o que os outros não vêem
Quero entender o seu motivo de ser triste em segredo
Quero ver o que está por trás dos seus olhos
Por que tem tanto prazer em ser triste?
Mas por que você tem tanta vida
Escondida, empilhada e desprezada?
O que você quer contar?
Para quem você quer contar?
Por que não se importa?
Por que o seu segredo se parece tanto com o meu?


In Manual de Sobrevivência para Suicidas (Nick Farewell)

quarta-feira, 25 de abril de 2012

 
"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem  alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou."
 
Fernando Pessoa 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A dor é uma coisa estranha.
Um gato que mata um pássaro,
um acidente de automóvel,
um incêndio…

A dor chega,
BANG,
e eis que ela te atinge.

É real.

E aos olhos de qualquer pessoa pareces um estúpido.
Como se te tornasses, de repente, num idiota.

E não há cura para isso,
a menos que encontres alguém
que compreenda realmente o que sentes
e te saiba ajudar…

— Charles Bukowski

quinta-feira, 29 de março de 2012

A Validade do Único Cortejo Triunfal e a Contradição do “Exibicionismo Piedoso”


Com todo este tempo livre, devido uma viagem que minha esposa fez a nossa cidade natal, procurei um companheiro para dividir a melancolia e o silêncio, foi uma capa amarela na estante que me chamou atenção, uma obra de Gustaf Aulén “A Fé Cristã” de 1965, editado pela ASTE. Procurei ler seu capítulo sobre o conceito cristão de Deus, e o primeiro tema é a respeito à santidade, uma de suas linhas me saltou aos olhos, e desejo compartilhá-la: 

“Importa que a palavra ‘santo’, quando usada em relação a Deus, mantenha sua significação religiosa original. É sabido que a noção de santo tem sido interpretada, não raro, com conotações éticas no esforço em identificá-la com a noção de perfeição moral. Não há negar que da idéia de santidade, quando se refere a Deus, ressalta fortemente também a idéia de perfeição moral. Mas quando a santidade é interpretada com essas conotações morais, o pecado passa a ser igualmente interpretado de maneira moralista, perdendo sua orientação religiosa”. (AULÉN, 1965, p. 108)

Tais palavras são importantíssimas de serem lembradas e consideradas, devido aos novos meios de comunicação e informações, vários cristãos compartilham suas experiências de vida, suas crenças e doutrinas denominacionais, e a bandeira da santidade ergue alto seu baluarte. A santidade não deve ser esquecida jamais, porque nEle somos santificados, porém quando alguém afirma viver numa condição de santidade porque não faz isso ou aquilo, ou por fazer algo, como disse Aulén ele traz consigo uma afirmação contraditória: o pecado é não fazer isso ou é fazer aquilo outro. 

Embora exista um caminho proposto, uma conduta que possa ser boa para fazer o bem a todas as pessoas de bem e agir com uma justiça restaurativa aqueles que se desviam dos princípios éticos básicos. É esperado que nós cristãos o povo do Caminho, da Lei fundamentada no Amor tenhamos um procedimento exemplar em todas nossas relações interpessoais, familiares, sociais, econômicas e ecológicas. Mas jamais seremos santos quando resumirmos isso a uma dieta moral. O grande ato já foi celebrado num cortejo triunfal, resta-nos a humildade do ministério de serviço e não do “exibicionismo piedoso” se é que haja piedade no exibicionista.

“Fostes sepultados com ele no batismo, também com ele ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. Vós estáveis mortos pelas vossas faltas e pela incircuncisão da vossa carne e lê vos vivificou juntamente com Cristo. Ele nos perdoou todas as nossas faltas: apagou, em detrimento das ordens legais, o título de dívida que existia contra nós; e o suprimiu, pregando na cruz, na qual despojou os Principados e as autoridades, expondo-os em espetáculo em face do mundo, levando-os em cortejo triunfal”. (Colosssenses 2:12-15)


- Delor Junior

sábado, 17 de março de 2012

Lapidário

Abra mão de tudo que for lhe atar
Não se esconda debaixo de nenhuma lei.
Mas tenha base em tudo que for fazer
Quem tem dignidade age com prudência.

Quem foge da raia não sabe pra onde vai
Esquive-se de tudo que for árduo demais
Pois o jugo de Deus é suave, e leve o seu fardo
E o que não vem dele não serve pra você lapidário.

Saron

sexta-feira, 9 de março de 2012

Explosões



Tantas convicções, alguma razão e muitas jóias perdidas. Minhas certezas agora configuradas, meu rosto embaçado e um violento mar dentro de mim.
Um mar em erupção.
Tanta coisa perdida aqui dentro, que uma só rede não dá pra pescar.
Perdi o que não tive, tenho o que não preciso, quero tudo que há. Perdas impalpáveis, versos não ditos, tudo muito abstrato pra quem delira em coisas reais.
O tempo corre e eu nem sei pra onde... Ele corre bem mais que minha insatisfação. Sabe-se que ele vai e eu tenho pressa. Em mim não resta tempo pra viver em vão.
Quero encontrar o que fui, o que sou e o que seria. E em face da atemporalidade desvendar alguns segredos, beijar a sensatez ou simplesmente regredir para um futuro menos quebrado. Já não sou a mesma, talvez jamais a seja, mas não serei o que sou.
Hoje quero o mar, e peço à chuva que me deixe ver o sol se pôr. Talvez encontre o sono, beba lucidez e discuta com a verdade, e ela ganhe. Talvez veja o paraíso, brinque com a loucura e finalmente abandone a solidão.
A razão mora em algum lugar. A casa é grande, baterei em todas as portas do meu ser. Enfrentarei esse mar de silêncio e caos.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Tudo novo de novo


Lembrar e ver que o caminho é um só. Lembrar, verbo ativo, claro e presente quase o tempo todo. Ver, verbo automático, busca já sem querer, apanhado de coisas para lembrar-se depois. O caminho, no fundo, é sempre um só: aquele que se escolhe, que fica bem parado ali na frente, olhando e esperando o primeiro passo. Mesmo que este passo já tenha sido dado em outras épocas, agora é outra hora, é um novo raiar do sol na janela. Assim são os começos e recomeços, sempre avisando que um fim ficou para trás. É aí que se sente um turbilhão de coisas, liquidificador de pensamentos.
Um belo dia, após uma boa noite de sono, com alguns breves episódios de insônia, abre-se a janela depois do sol bater. E por frações de segundo lembra-se que há só um caminho, então coloco meus óculos de realidade e vejo que não há porque esperar, o tempo é o agora mesmo. E o sol está aí, nascendo para todos. Cada um se abre e se fecha como acha mais interessante. Aí, neste misto de animação e medo de primeiro dia de aula, sente-se uma dor. Uma dor característica dos novatos, que a sentem por ter deixado algo e ter que começar outra coisa. Dor estranha. Que faz a gente chorar pelo que já se foi, e pelo há de vir. Dor de criança que chora e ri ao mesmo tempo depois de se machucar. Olhando o caminho com ansiedade e receio, mesmo sabendo que aquele é o seu caminho.
Por um minuto não há nada para dizer, é somente você e o seu caminho, sua imaginação, sua visão, e aquilo que se lembra da história da vida. Aquilo que está na lembrança, as chuvas, as pedras, as flores, os espinhos. A saudade, a entrega, a partida, o medo de ir. Aí aparece a questão: “Quem roubou nossa coragem?”. Ontem mesmo, sentada com meus amigos, poderia mudar o mundo. É o caminho que me faz querer parar? É o caminho que exerce em mim atração e repulsa ao mesmo tempo. Que me faz lembrar daquilo que já fui um dia no porta-retratos. O caminho que me lembra da dor, aquela que eu quero evitar. Mas, “excluindo-a”, faço exatamente o contrário: trago-a ao meu encontro, seja hoje ou amanhã.
E a dor do arrepender-se por não ter feito algo é tão subjetiva quanto física. A dor dos que retrocedem é angustia prevista, a qual eu não quero carregar, e por isso, ainda parada na janela com o sol me esquentando e dando luz, eu decido caminhar pelo novo caminho. Encarando o que vem pela frente, mas agora vivendo um dia após o outro e tentando evitar coisas demais, bagagens demais, pensamentos demais. A experiência tem que servir para alguma coisa.
E nesta “linha de trem” eu vou. Carregando uma foto dos que amo, um bocado de sonhos e papel e caneta para me lembrar do gosto bom daquilo que tenho nas mãos. Para que quando eu me esqueça de quem eu sou e para onde eu vou, eu possa parar na beirada e desenhar com as palavras aquilo que tenho. Poucas coisas, mas preciosas. Preparando-me para os doces desastres e as inconsoláveis alegrias. Falando comigo mesma em alto e bom som, quando os pensamentos não assumirem esta função, dizendo para mim mesma que vai dar tudo certo.
Porque ainda que tudo pareça loucura, nem haja aparentemente sentido em tudo que eu esteja fazendo; mesmo sem haver reconhecimento, dinheiro ou beleza; ainda que o produto da minha fé venha a se desfalecer pelo caminho, e pareça que está tudo perdido e seco; eu me alegro no Senhor, o Deus que me amou desde o princípio, me deu salvação e tem me livrado de toda condenação. O Senhor Deus é minha fortaleza, e faz meus olhos procurarem os Seus. Por isso ando mais alto ao Teu encontro.

Não sigo por uma rodovia, que aos olhos de muitos é mais bonita, mais confortável, mais uniforme, mais precisa e por onde seguem aqueles que estão certos do seu destino, com as coisas “sob controle”, guiados por uma sinalização clara.
Na minha vida hoje há uma trilha de terra batida, aquela que está ali, logo à frente da janela. O seu “começar” é bem diferente: é preciso levantar mais cedo e renunciar a algumas coisas. O meio de transporte são seus pés, logo a trajetória poderá ser lenta. O caminho é desigual. Possui altos e baixos, buracos e ainda alguns atalhos. Nela, você só reconhece o começo, não sabe se há placas, mas pode reconhecer as estações do ano. Ela não é bonita aos olhos humanos e requer preparo físico, paciência, e perseverança.
É necessário ter fé e esperança, tanto no hoje quanto no amanhã. Caminhando com uma expectativa no coração, um motor, uma curiosidade angustiante de saber e crer. Esta estrada de terra de percurso trabalhoso gera um surpreendente entusiasmo no coração, dando a sensação de superação e acolhimento. Por isso eu vou nesse caminho, porque fui escolhida para Ele e por Ele.
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Priscila Souza

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Tempo de Deus

Quantas dúvidas invadem nosso coração quando o assunto é esse. E como é difícil nos submetermos a ele! Nossas pernas insistem em correr, nossos braços teimam em lutar, nossa mente se recusa a descansar, nosso coração se debate e convulsiona em crises profundas, solitárias e confusas. 

Deus! Aquieta-nos! Mais que isso, Senhor, transforma-nos.
 

Dá-nos pernas que se movimentem em passos ligeiros ao encontro do Senhor e da tua doce presença. Controla nossa mente e inunda-a com tuas promessas, teus feitos, teu caráter irrepreensível. Dá-nos coração sensível e confiante, moldado pelo fogo ardente do teu amor sacrifical, amor que já ardia por nós quando nem ao menos existíamos.
 
Refrigera nossa alma com teu descanso incomparável. Socorre-nos em nossa fragilidade e ajuda-nos a esperar pela tua provisão, que, como o maná, vem sempre no tempo apropriado.

Ajuda-nos a crer que continuas o mesmo, agindo sempre no tempo certo, sem nunca se atrasar, mesmo quando nossos olhos enxergam uma realidade que parece contradizer essa verdade.


Revista Ultimato

domingo, 18 de dezembro de 2011

Mamom

Não se conforme com esse sistema
Renove a sua mente, lute, não se renda
Os homens já não vivem mais sem o consumismo
Todo mundo quer de tudo que vê anunciar


A moda agora é comprar, comprar, comprar, comprar


Isso não é conforto
Não é tecnologia
Isso é idolatria ao deus materialista


Mamom capitalista
Deus materialista
Mamom capitalista
Vida materialista


A marca da besta já chegou...


Letra e música: ENXERTO