quinta-feira, 27 de outubro de 2011

[Trecho] Novo Testamento: a supremacia (e o caráter subversivo) do amor

A mensagem de Jesus e sua boa nova são interpretadas por todos eles como representando um chamado universal ao abandono dos mecanismos de controle e manipulação que compõem o sistema deste mundo.         


Muito acuradamente, portanto, os autores do Novo Testamento entenderam que a implantação do reino de Deus, conforme apregoado pelo filho do carpinteiro, representava uma ameaça a todos os sistemas de controle, porque requeria essencialmente um mundo de pares e irmãos, uma fraternidade de “próximos” – um mundo que renunciasse a todas as formas de dominação.


Isso eles viram claramente na pessoa do Jesus dos evangelhos, e cada um à sua maneira e com sua própria ênfase buscou uma forma de articular e de perseguir esse projeto. Ninguém sabia (ninguém ainda sabe) como seria um mundo livre de sistemas de manipulação, mas nas décadas febris que se seguiram à despedida do crucificado seus seguidores não sonharam e não batalharam por outra coisa. A única coisa que sabiam ao certo é esse novo mundo seria encontrado, colonizado e definido pelo amor – o amor como haviam-no delineado a vida e as palavras do rabi de Nazaré, o amor com o qual ele os deixara absolutamente inflamados.

E nada permanece o mesmo depois de ser tocado pelo amor. 

Paulo Brabo